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3ª Ecofalante SP

3ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental acontece em março
Edição 2014 traz mais de 60 filmes e premiará pela primeira vez as melhores produções latinoamericanas
Em: 21/2/2014
Por: Envolverde


De 20 a 27 de março de 2014 os paulistanos poderão conferir longas, médias e curtas metragens focados na temática ambiental, oriundos de mais de 30 países, grande parte deles inéditos no Brasil.



Os filmes, classificados nas temáticas cidades, campo, economia, energia e povos e lugares, abordam questões como energia nuclear; o uso de animais como cobaias; organismos geneticamente modificados; urbanismo e a vida nas grandes cidades; extração de recursos naturais por grandes corporações e suas consequências para o meio ambiente e para comunidades; localidades remotas e a dificuldade cada vez mais premente de manter tradições junto às novas gerações que querem ganhar o mundo e frente aos dilemas impostos pelas transformações do meio ambiente.

"A Mostra entra em sua terceira edição se consolidando em São Paulo como espaço para conferir produções de várias partes do mundo que marcam presença inclusive em grandes festivais de cinema. Estes filmes, inéditos em sua maioria no Brasil, não entram em circuito depois, salvo algumas exceções. É uma oportunidade única de assistir a estas produções. É também um espaço para promover o debate e a reflexão sobre questões do nosso dia a dia", diz Chico Guariba, diretor da 3ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.


Os filmes serão exibidos em sete salas do circuito de cinema da cidade: Reserva Cultural, Cine Livraria Cultura, Museu da Imagem e do Som (MIS), Cine Olido, Centro Cultural São Paulo, Cinusp Maria Antônia e Matilha Cultural. Além das exibições dos filmes, a Mostra promoverá debates com vários realizadores de diferentes nacionalidades. Toda a programação é gratuita.

É preciso jovens mais ativos

O jovem precisa se preparar para o futuro e ter maior participação nos movimentos globais. A juventude brasileira não tem ocupado o espaço da maneira que poderia.
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Como – e por que – viabilizar a participação da juventude brasileira em conferências internacionais?
Em: 09/10/13
Por: Raquel Rosenberg e Laura Jungman para o Envolverde


As conferências internacionais parecem estar muito distantes de nosso dia-a-dia, porém durante tais encontros são debatidos relevantes temas contemporâneos, que influenciam a forma como os países gerem suas políticas nacionais.

Para permitir que diferentes interesses estejam representados, a ONU garante espaço para que, além dos governos, a sociedade civil possa participar e apresentar seus pontos de vista. A juventude é um desses grupos e a ONU a vê com particular importância para as negociações. Isso porque, além de um grupo de interesse, os jovens serão os principais afetados no futuro  pelas decisões que estão sendo feitas no presente.

Porém, ainda que esse espaço exista, a juventude brasileira não o tem ocupado da maneira que poderia. Durante a Rio+20, ficou claro que há uma enorme quantidade de jovens interessados, motivados a tomar parte nessas conferências mas, desorientados pela falta de conhecimento e de informação de como participar, não encontram o espaço devido para sua inserção. Daí a proposta do Engajamundo – empoderar os jovens brasileiros, ampliar e fortalecer a participação nestes espaços. O objetivo da organização é abrir um caminho para permitir que a juventude participe ativamente das conferências internacionais, monitorando também o cumprimento dos tratados firmados pelo governo.

Desde a sua criação, após a Rio+20, o Engajamundo tem se articulado com jovens e organizações brasileiras e internacionais e atuado em processos como o Pós-2015, no qual realiza consultas aos jovens brasileiros sobre quais são suas prioridades após o fim do prazo dos Objetivos do Milênio. Além disso, tem o objetivo de mapear e monitorar os compromissos que o governo brasileiro sela no exterior, e saber se tais compromissos estão sendo colocados em prática no país.

Em novembro, ocorrerá a 19ª Conferência sobre o Clima da ONU em Varsóvia, Polônia, sobre questões relativas às mudanças climáticas, no qual o Engajamundo pretende participar enviando jovens pela primeira vez. A participação na COP-19 seria, portanto, um primeiro desafio para informar, capacitar e engajar os jovens nestas conferências. A partir dessa experiência, será aberto um canal para que mais jovens possam se envolver com negociações internacionais dos mais diversos temas, conscientizando-os de seu papel como cidadãos brasileiros e globais.

A importância de estar presente é tamanha para o Engajamundo que a preparação para a conferência já dura alguns meses. Um material de capacitação sobre as negociações internacionais foi desenvolvido e ficará disponível em nossos canais de comunicação para todos os interessados. Além disso, durante o mês de outubro ocorrerão encontros de capacitação abertos e gratuitos em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte, também transmitidos online. Tais eventos são importantes para preparar jovens que pretender acompanhar essas negociações, seja presencialmente ou daqui do Brasil, e lhes informar sobre quais os espaços que podem ser ocupados e as formas de agir nos mesmos. Em São Paulo, o evento será aberto para todos os interessados e ocorrerá na sede da Revista Viração, rua Augusta 1239, no dia 12 de outubro, às 14h.

A organização é a primeira brasileira a fazer parte da YOUNGO, a Coalizão de ONGs de Juventude ligadas às negociações climáticas, além já ter estabelecido parcerias com organizações correspondentes em outros países, como a SustainUS (EUA), a UKYCC (Reino Unido), EYCM (Europa), AYCC (Austrália), CYCAN (China), CNYCCC (Congo), Project  Survival (Ilhas Fiji), CliMates (França), entre outros. Além de buscar participar da conferência de 11 à 22 de Novembro, o Engajamundo também está envolvido na preparação da COY, a Conferência de Juventude que ocorre quatro dias antes e reúne e organiza os jovens para defenderem de forma efetiva seus pontos de vista no encontro oficial.

A escolha da COP19 como primeira conferência para a participação do Engajamundo não foi por acaso, visto que as questões climáticas sintetizam os principais desafios nas negociações internacionais, pois requerem uma solução com a qual todos precisam cooperar. Além disso, são os jovens de hoje que serão os tomadores de decisão dentro de algumas décadas, quando a mudança climática terá se tornado uma questão de ainda maior relevância.

Para além da conferência, o Engajamundo pretende manter um trabalho contínuo ao longo do ano de cobrar o governo brasileiro para ter uma atitude condizente com o que se comprometer em novembro na Polônia.

Os outros principais temas de trabalho da organização – desenvolvimento social e gênero e direitos sexuais e reprodutivos – também têm um papel definido na agenda. Analogamente, a organização buscará alinhar a posição da juventude brasileira nesse temas e apresentá-la nas respectivas conferências no próximo ano.

A dificuldade de conseguir fontes de recursos para viabilizar a participação da juventude, não só brasileira, mas do mundo inteiro, ainda é a principal barreira para aumentar de fato o número de jovens presentes nas negociações internacionais. É justamente por isso que o Engajamundo se propôs a procurar alternativas para viabilizar a participação de sua delegação, utilizando-se de uma plataforma de financiamento coletivo (mais conhecida como crowdfunding) para que consiga levar a voz da juventude brasileira à COP-19, na Polônia.

O financiamento coletivo, além de ser uma proposta inovadora para solucionar problemas de financiamento como este, também permite o envolvimento indireto daqueles que acreditam na iniciativa, mas não têm condições de trabalhar diretamente com a organização. Fica a dica para aqueles que querem contribuir de alguma forma para abrir mais esta porta para a juventude brasileira.


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* Raquel Rosenberg e Laura Jungman são coordenadoras do Engajamundo, uma organização de liderança jovem que acredita no poder da juventude para superar os desafios contemporâneos e busca aproximar os jovens brasileiros das conferências internacionais.



Tubarões: agressores ou vítimas?

Bradnee Chambers, da Convenção das Nações Unidas, alerta para o que acontece quando as pessoas invadem território de animais perigosos.
Cenas tristas, mas bem reais.
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TERRAMÉRICA – Agressores ou vítimas?
Os encontros mortais de humanos e tubarões são muito piores para estes últimos, afirma neste artigo o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres.
Em: 09/9/2013
Por Bradnee Chambers*

Bonn, Alemanha, 9 de setembro de 2013 (Terramérica) - Os ataques mortais de tubarões em águas da ilha Reunião reavivar os argumentos para que seja autorizada a caça destes animais. Porém, entre eles e os seres humanos qual é o predador e qual é a presa? Quais lições devemos aprender com os que se aventuram em lugares onde se expõem aos perigos da vida silvestre?

A ilha francesa de Reunião, no Oceano Índico, parece ser um idílico paraíso tropical para seus 800 mil habitantes. Porém, as aparências enganam. Mais rica do que seus vizinhos, Reunião tem quase a metade do produto interno bruto por pessoa da França. A produção de açúcar dominou por muito tempo a economia local, mas o florescente setor turístico atrai 400 mil visitantes por ano.

O paraíso tropical foi sacudido por cinco encontros mortais com tubarões desde 2011. No mais recente, em 15 de julho, um tubarão-touro matou uma adolescente francesa. As autoridades, então, proibiram nadar e praticar surf, exceto em algumas das lagoas formadas pelos recifes da ilha, e autorizaram a matança de 90 tubarões-touro e tubarões-tigre.

Tubarão Tigre
Os incidentes trágicos, embora raros, se convertem em manchetes da imprensa. Mas os acidentes ocorrem quando as pessoas entram no habitat de animais perigosos que são capazes de se defender e estão prontos para fazer isso.

Coloquemos em perspectiva os ataques fatais de tubarões que ocorrem anualmente no mundo, e que giram em torno de 10 a 15. No mesmo período, 50 pessoas morrem em contato com medusas, e as doenças transmitidas por mosquitos matam 800 mil. A Austrália, que lidera a lista internacional de ataques de tubarões, alerta sua população para considerar o oceano como se fosse o desértico e inóspito interior do país e desenvolveu códigos de boas práticas.

Das mil espécies existentes, o grande tubarão branco (Carcharodon carcharia), o tigre (Galeocerdo cuvier) e o cabeça-chata (Carcharhinus leucas) são as três às quais é atribuída a maioria dos ataques a humanos. O tubarão-cabeça-chata, às vezes mencionado erroneamente em espanhol como tubarão-touro, é conhecido por sua ferocidade para defender seu território e frequenta águas rasas e turvas. O tubarão-baleia (Rhincodon typus) e o tubarão-peregrino (Cetorhinus maximus), enormes e de aspecto impactante, são gigantes tranquilos que se alimentam de plâncton.


A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica 17% das espécies como ameaçadas, o que leva à seguinte conclusão sobre as interações entre humanos e tubarões: é muito mais provável que estes últimos sejam os mais prejudicados. No começo deste ano foi informado que a caça anual de tubarões, de pescas específicas e capturas incidentais, passou dos cem milhões de exemplares.

A barbatana do tubarão é usada para preparar uma sopa considerada um manjar na Ásia, tanto que é servida em banquetes de casamentos e em outras ocasiões especiais. Houve reações indignadas quando se soube que os corpos mutilados dos tubarões vivos são jogados de volta ao mar para agonizarem. Muitos governos e a União Europeia responderam proibindo a amputação das barbatanas e obrigando a desembarcar os tubarões inteiros no porto.

Os incidentes de Reunião também se devem a fatores locais. A pesca excessiva reduziu as presas naturais dos tubarões, obrigando-os a se deslocarem para a costa em busca de alimento, o que aumenta a probabilidade de se encontrarem com seres humanos. A ciguatera, uma toxina marinha cuja ingestão com os alimentos envenena as pessoas, acumula-se nos tubarões enquanto “predadores superiores”, o que interrompeu abruptamente a pesca destes animais. As pesquisas sobre este assunto são mais uma justificativa de defesa da matança destes peixes.

A presença de um estabelecimento aquícola também pode ter afetado o comportamento dos tubarões, e os surfistas começaram a entrar no mar apesar dos avisos de advertência colocados em diferentes lugares. Os moradores da região afirmam que a área protegida atrai os tubarões, o que torna as praias mais perigosas para o surf. Os pedidos para que se habilite a caça e a matança de tubarões disparam a polêmica, na qual entraram os conservacionistas, e deram lugar a uma série de ordens, apelações e avaliações judiciais.

Entretanto, sacrificar tubarões pode acarretar consequências indesejáveis para a saúde dos ecossistemas: ao eliminar o máximo predador, se multiplicarão outras espécies situadas nos escalões inferiores da pirâmide alimentar, como as medusas. Os tubarões ajudam a manter sadias as populações de espécies que compartilham seu habitat, porque eliminam os animais fracos e doentes e proporcionam alimento às espécies que buscam carniça.

Além de seu papel ecológico, podem gerar enormes benefícios econômicos: ao longo de sua vida, cada exemplar de tubarão de arrecife pode contribuir com quase US$ 2 milhões para a economia de Palaus, que embolsa US$ 18 milhões ao ano (8% do produto interno bruto desse Estado insular do Pacífico) graças ao mergulho para avistá-los.

Na última conferência sobre o tratado internacional que regula o comércio de biodiversidade, os governos acordaram proteger várias espécies de tubarão, mediante a exigência de provas de que a medida não será prejudicial. Esta decisão sucedeu à tomada pela Convenção das Nações Unidas sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres, que incluiu mais variedades de tubarões e raias em seus apêndices de proteção.

No contexto da Convenção também foi aberto um acordo mundial sobre tubarões, que já tem 26 Estados membros e cuja finalidade é desenvolver políticas que garantam a sobrevivência das populações destas espécies, em benefício dos animais e das populações, cujo sustento e meio ambiente – às vezes sem sabê-lo – dependem da presença do vilipendiado peixe.

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* Bradnee Chambers é secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres.

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

Link da matéria original aqui.

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Veja ainda:
Barbatanas de tubarão secam na rua em Hong Kong

Felinos brasileiros

Por mais que campanhas sejam feitas, apelos e movimentos, ainda são grandes as ações de descaso com a natureza e os animais. É preciso mais mobilização, mais consciência por parte dos cidadãos para começar a mudar esse quadro.
Esse estudo mostrou que ocorreram caçadas em cerca de 50% das reservas conhecidas por terem populações de grandes felinos. Ou seja, pra que reservas, não é? Não consigo imaginar que em pleno século 21 ainda existam "caçadores". Acho que a palavra não cabe mais em nosso cotidiano, no qual tanto se fala em proteção ambiental.
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Sessenta grandes felinos mortos em parques brasileiros nos últimos dois anos 
Em: 26/6/2013
Por: Jemma Smith, do Mongabay


Pelo menos 60 grandes felinos foram mortos dentro de áreas nacionais protegidas no Brasil durante os últimos dois anos, de acordo com uma recente pesquisa publicada no periódico de acesso aberto Tropical Conservation Science (TCS), do mongabay.com.

O relatório, que foca nas populações de onça-pintada (Panthera onca) e puma (Puma concolor) dentro de áreas brasileiras protegidas, mostra que a gestão de reservas e as restrições de uso impactam o nível da caça dos grandes felinos.

Os resultados obtidos a partir de um questionário enviado para uma amostra de gerentes de reservas mostram que relatos de caça foram três vezes mais frequentes em reservas com menos restrições para o uso humano. O estudo também mostra que a caça ocorreu em cerca de 50% das reservas conhecidas por terem populações de grandes felinos.

A caça raramente é relatada, e quando relatos são feitos, eles quase nunca chegam a um processo jurídico. Isso pode significar que residentes próximos a reservas menos restritas não estão preocupados em ser processados, fazendo com que níveis mais altos de caça sejam relatados nessas áreas.



Tanto onças quanto pumas têm proteção internacional contra caça. Onças estão listadas como Quase Ameaçadas na Lista Vermelha da IUCN e incluídas no Apêndice 1 da CITES, enquanto pumas estão listados como Pouco Preocupantes e incluídos no Apêndice 2.

Essas classificações significam que a caça de ambas as espécies é ilegal. Os cientistas comentam que “a caça é comum em áreas protegidas e que esse status jurídico de proteção não é garantia de proteção real”.

Mesmo com o relatório, ainda há dados insuficientes e o número de mortes de grandes felinos é só uma estimativa. É provável que o número real de mortes seja muito maior. “Mais estudos são necessários para avaliar as taxas de morte, fatores associados à caça, efeitos do tamanho da população humana e medidas específicas de gestão. Mais importante é a necessidade de saber como a caça afeta a viabilidade de população nessas áreas”, explicam os cientistas.

Além disso, os cientistas sugerem “que gerentes das áreas protegidas devem tentar sistematizar a informação disponível e investigar possíveis casos. Apenas reconhecendo o problema será possível tomar medidas para resolvê-lo.”




Via: Carbono Brasil
* Traduzido por Jéssica Lipinski.


Comunicação e Redação sobre Sustentabilidade

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Cana de Açúcar na Amazônia Legal

Foi aprovado um projeto (Projeto de Lei 626/2011) que prevê o plantio de Cana de Açúcar na Amazônia Legal, porém alterando o Zoneamento Agroecológico (ZAE) da cana-de-açúcar e autorizando seu plantio em áreas alteradas e nos biomas Cerrado e Campos Gerais na Amazônia Legal, seria um retrocesso nas políticas de ordenamento territorial e produtiva brasileiras.
Aprovado em decisão terminativa, o projeto recebeu cinco votos favoráveis e dois contrários, além de uma abstenção. Se não houver recurso de pelo menos nove senadores, seguirá diretamente para a Câmara, sem passar por votação pelo Plenário do Senado.
Para o autor da proposta, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o plantio de cana na região vai estimular a produção de biocombustíveis. Em voto favorável, o relator, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), apontou a necessidade de ampliar as áreas de cultivo para o atendimento das demandas futuras de etanol e açúcar. Contrário ao projeto, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) lembrou que a região amazônica ficou fora de zoneamento agroecológico feito pela Embrapa para o cultivo da cana-de-açúcar no Brasil e que a proibição da cultura na região deveria ser mantida.
Veja o que a WWF-Brasil diz a respeito.
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Permitir cana na Amazônia é retrocesso político e ambiental
Em: 16/05/2013
Por: Redação do WWF-Brasil
- via Envolverde

A aprovação do Projeto de Lei 626/2011 pelo Senado, alterando o Zoneamento Agroecológico (ZAE) da cana-de-açúcar e autorizando seu plantio em áreas alteradas e nos biomas Cerrado e Campos Gerais na Amazônia Legal, é um retrocesso nas políticas de ordenamento territorial e produtiva brasileiras.

Por isso, o WWF-Brasil recomenda que esta lei não seja referendada pela Câmara dos Deputados, pois avalia que a mesma não trará benefícios reais para a região ou para o setor. Pelo contrário, poderá se configurar em uma política sem impacto econômico positivo para a transformação regional e com grande potencial para geração de mais impactos ambientais.

É necessária uma maior reflexão sobre as reais soluções para o desenvolvimento econômico sustentável da Amazônia, bem como uma política consistente para os biocombustíveis no Brasil.

O zoneamento original da cana-de-açúcar representou um avanço significativo quando restringiu áreas da Amazônia Legal, do Pantanal e da Bacia do Alto Paraguai para a expansão da cultura canavieira. Também foi positivo orientar sua expansão sobre regiões com melhores condições produtivas, reduzindo a pressão sobre ecossistemas conservados, por exemplo.

O argumento de que o zoneamento reduz a possibilidade de desenvolvimento regional é completamente equivocado. Existem alternativas econômicas e produtivas muito mais adequadas e adaptadas à Amazônia e outros biomas e suas realidades socioeconômicas. A produtividade e a eficiência produtiva da cana-de-açúcar na Amazônia não são compatíveis com a realidade do Centro-Sul e com áreas já apontadas para a expansão no zoneamento original. Tais áreas são com certeza suficientes para atender à demanda atual e às estimativas de crescimento do setor.

O ZAE original da cana-de-açúcar identificou 64,7 milhões de hectares aptos à produção de cana, sendo que destes, 19,3 milhões de hectares são áreas de alto potencial produtivo. A produção atual ocupa aproximadamente 9 milhões de hectares.

No Plano Nacional de Energia para 2030 está prevista a produção anual de 1,14 bilhões de toneladas de cana, demandando uma área de 13,9 milhões de hectares. Neste contexto, a principal justificativa para um aumento de produção de bicombustíveis é inapropriada, considerando que o ZAE de 2009 informa que o país teria uma área de 50,8 milhões hectares aptos à produção e sem considerar a área da Amazônia Legal.

Mesmo que projeto de lei foque em áreas abertas, de Cerrado e de Campos Gerais da Amazônia Legal, a pressão sobre o os ecossistemas naturais aumentará indiretamente pelo deslocamento de outras atividades produtivas e diretamente pela dificuldade do cumprimento das legislações vigentes. Ainda mais em um cenário de Código Florestal enfraquecido associado à baixa governança na Região Amazônica.

Melhorar e incentivar a produção de biocombustíveis no país é possível e deveria ser atrelado a uma política real de incentivo econômico, contrária à política atual de incentivo ao consumo de gasolina através da desoneração dos impostos e redução da competitividade do etanol.

Fonte: WWF-Brasil

Eu vou se vc for!

Esse ano a campanha está muito legal.
Eu vou se vc for. E aí, vamos??
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Campanha Hora do Planeta 2013 lança desafio “Eu vou se você for”
Em: 28/2/2013
Por: Redação do Eco

Via: Envolverde

A quinta edição da campanha Hora do Planeta 2013, promovida pela organização não governamental WWF, já tem dia e hora marcados. No dia 23 de março as luzes deverão ser apagadas entre 20h30 e 21h30, como um ato simbólico de preocupação ambiental. Em 2012, cerca de sete mil cidades, de 152 países, aderiram à Hora do Planeta. Em Portugal, por exemplo, mais de 80 localidades participaram da iniciativa.

Em 2013, a ação lançada na quarta-feira, 27 de fevereiro, vem acompanhada do desafio I will if you will (Eu vou se você for), que pretende agir como uma plataforma para “indivíduos e organizações se tornarem fontes de inspiração para suas próprias comunidades por meio do compartilhamento de ações direcionadas a salvar o planeta”, afirmou o portal da iniciativa.

“Prometa que vai: nadar com um tubarão branco… ou ficar 24h sem usar luz elétrica… ou que vai saltar de para-quedas…”. O convite realizado pela WWF é destinado aos cidadãos que têm interesse em desafiar outros em prol do planeta Terra. As pessoas que quiserem participar do movimento devem gravar um vídeo prometendo fazer algo inesperado em troca de alguma ação sustentável que amigos, familiares, colegas e até mesmo desconhecidos possam colocar em prática, postar no Youtube e compartilhar com o órgão, fazendo o cadastro no site.

No Brasil, Belo Horizonte foi a primeira capital a aderir a campanha. O governo do Distrito Federal também vai assinar o termo de adesão.

Assista ao vídeo de apresentação:


Virada Sustentável 2012

Bora participar, gente!
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Estão abertas as inscrições de projetos para a Virada Sustentável 2012
Em: 16/4/2012
Por: Envolverde


Estão abertas as inscrições para projetos, iniciativas artísticas e ações voltadas para a sustentabilidade, interessados em participar da segunda edição da Virada Sustentável, que vai acontecer em São Paulo, nos dias 2 e 3 de junho. O evento já tem mais de cem atrações confirmadas. Durante as 24 horas dos dois dias, serão realizadas oficinas, intervenções, concursos culturais e outras atividades educativas que vão envolver diversos segmentos da sociedade, procurando conscientizar a população sobre o tema da sustentabilidade.

No ano passado, o evento contou com 480 atividades, em 78 espaços, de várias regiões da cidade.  Um dos destaques da programação foi a coleta de lixo eletrônico, que conseguiu arrecadar 27 toneladas de resíduos. Além disso, a primeira edição teve grande participação de crianças, em espaços como a Pista Certa, no Parque Villa Lobos, onde receberam aulas de educação para o trânsito, para que se tornassem “vigilantes” dos adultos no dia a dia.

Para esta edição, a organização espera que a quantidade de atrações seja duplicada e que a iniciativa ocupe também espaços da periferia.

Para participar:
É preciso preencher uma carta de adesão, que está disponível no site oficial do evento ou pode ser solicitada por e-mail, no endereço adesoes@viradasustentavel.com .
As propostas serão analisadas pela organização do evento. Serão priorizadas as que tiverem caráter educativo e utilizem linguagem artística (teatro, música, cinema e artes plásticas) ou lúdica (oficinas, gincanas, concursos culturais, etc.).
Não serão aceitas propostas que tenham conotação partidária ou religiosa, bem como as que estimulem qualquer forma de discriminação em função de raça, cor, sexo, condição social, orientação sexual, religiosa ou política.

Bem-estar animal na Rio+20


Depois de lançar abaixo-assinado na internet com adesão de milhares de pessoas, a WSPA consegue levantar a questão com uma carta que será encaminhada aos governantes e representantes da ONU. Com isso eles querem aumentar a discussão em torno de cuidados com animais, principalmente os usados em processos produtivos. Quanto mais se fala no assunto, mais as pessoas se conscientizam da questão e começam a questionar a qualidade dos produtos que consomem.
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Campanha para discutir o bem-estar animal na Rio+20 tem adesão de 10 mil brasileiros
Em: 02/1/2012
Por: Alana Gandra, da Agência Brasil (Via: Envolverde)

Rio de Janeiro – Dez mil brasileiros aderiram à campanha de mobilização global da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, sigla em inglês) que irá pedir à Organização das Nações Unidas (ONU) a inclusão do tema bem-estar animal na agenda da Rio+20. O encontro – promovido pela ONU – ocorrerá em junho de 2012 no Rio de Janeiro e discutirá os avanços e retrocessos registrados desde a Conferência Mundial do Clima, conhecida como Rio 92, ocorrida há 20 anos.

O abaixo-assinado foi lançado em todo o mundo pela WSPA, em dezembro, na internet. A ação pretende conscientizar as pessoas sobre a relação entre o bem-estar dos animais, especialmente os usados em processos produtivos, e o desenvolvimento sustentável.

A mobilização faz parte da campanha internacional Pegada Animal, que a WSPA lançará no Brasil em março. A campanha se inspira no conceito da Pegada Ecológica, informou à Agência Brasil a gerente de Comunicação da WSPA Brasil, Flavia Ribeiro: “Ela visa a informar e conscientizar as pessoas sobre como os hábitos alimentares da população influenciam a questão do desenvolvimento sustentável, da agropecuária sustentável.”


A campanha pretende esclarecer o consumidor final da origem do produto que ele consome. Por exemplo, se os eles são oriundos de uma criação intensiva ou extensiva, se a carne, os ovos, o leite vêm de uma indústria que tem preocupação com o bem-estar animal, se são produtos orgânicos. “A intenção da campanha no mundo todo é o consumo consciente, para que o consumidor entenda qual é a origem e o que, de fato, ele está adquirindo e o que pode ser feito para promover o bem-estar animal, focado nos animais de produção”, disse Flavia.

A ação online ainda continua e é a primeira iniciativa da campanha Pegada Animal. A carta com as assinaturas será encaminhada aos governantes e representantes da ONU em todos os países. “Não existe uma meta. Mas, a gente precisa de muito mais [assinaturas] para poder encaminhá-las à ONU.”

Segundo informação do Departamento de Ciência e Agropecuária Humanitária da organização, existem atualmente mais de 63 bilhões de animais que fazem parte da cadeia de produção em todo o mundo. Daí a importância de serem adotadas boas práticas na sua criação, transporte e abate. “O universo que a gente está falando impacta na vida de bilhões de animais”.

Flavia Ribeiro salientou que não só a indústria brasileira, mas também a adoção desses procedimentos, tem comprovado melhorias no processo de produção, com ganho econômico. “A indústria está percebendo que é vantagem econômica para ela inserir [a preocupação com o bem-estar animal no processo produtivo]. O meio ambiente como um todo também é beneficiado, porque você está protegendo não só a natureza, mas também os animais que fazem parte do meio ambiente. E o ser humano também sai ganhando porque ele está consciente de que está consumindo um produto de origem animal de uma empresa que tem um cuidado com o animal desde a criação até o abate”.


Edição: Talita Cavalcante
Publicado originalmente no site da Agência Brasil



Virada verde!

Virada Cultural também é verde!
Bjs e bom fim de semana a todos.

Cintia
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Vira, vira, vira, virou sustentável
03/6/2011
Por: Ana Carolina Amaral, da Envolverde

A Virada Cultural ousou virar a noite em música, teatro e muita arte. Depois de sete edições que se replicaram pelo estado de São Paulo com públicos recordes, o evento fez pensar uma ação cultural com destino certo: a sustentabilidade.

A ideia de promover shows, arte, exposição e teatros com o viés da sustentabilidade veio do jornalista André Palhano, mas bastaram algumas conversas para que as mais diversas organizações se incluíssem no plano – cada uma cobrindo o custo de sua ação – e, logo, surgiu um evento “sem dono”, como explica Palhano. “É um movimento da cidade de São Paulo.” Entre os apoios se destacam as secretarias de meio ambiente estadual e municipal, que entraram com “boa vontade e cessão de espaço, sem envolver recursos públicos”, esclarece o idealizador.

A Virada Sustentável acontece neste fim de semana em São Paulo, com mais de 300 ações culturais e educativas espalhadas nas quatro zonas da capital paulista. Mas não haverá atividades pela madrugada? Palhano refaz a proposta: “a virada é na consciência.” A ressalva também fica subentendida no slogan que divulga o evento: “quem vai, vira.”

Para fazer valer a promessa, um laboratório de práticas sustentáveis precisou ser pensado para que o evento aconteça com menor impacto ambiental que os convencionais. Controle de iluminação nos banheiros dos parques, coleta seletiva e compensação das emissões de carbono são alguns itens que marcam a sustentabilidade na organização.

Mas há outro, ainda mais estratégico: Palhano lembra que a organização do evento “teve a preocupação de pulverizar sua programação em diferentes locais da cidade, de forma a evitar grandes deslocamentos e, principalmente, grandes aglomerações em um único local. Outro cuidado foi o de não promover o evento apenas em locais visitados pela população das classes média e alta, o que explica a presença de diversas atividades nas regiões periféricas da cidade, como os bairros de Capão Redondo, na zona Sul, ou Belém, na zona Leste.”

Na Virada Sustentável, as peças de teatro estarão disseminadas pelos parques paulistanos, as oficinas vão ensinar sobre ervas aromáticas, hortas urbanas e compostagem doméstica, um tabuleiro gigante trará o Jogão do Planeta, o Memorial da Inclusão abrirá excepcionalmente, os shows trarão o projeto Bate Lata, Meninos do Morumbi e a escola de samba Leandro de Itaquera – cujo enredo para o carnaval de 2012 convoca a sustentabilidade.


Para quem acha que sustentabilidade é samba de uma nota só, vale tentar contar quantos tipos de atividades serão oferecidas no dois dias: piquenique, exposições, sessões de cinema, massagens orientais, palestras, trilhas noturnas com lanternas, observação do céu na Av. Paulista, yoga, alongamento, passeios de bicicleta, debates, avaliação física, troca de livros… Mas não está tudo aqui. Vale conferir as 71 páginas de programação no site do evento, com mapas e sistema de busca por horário e local para facilitar a definição do roteiro: www.viradasustentavel.com.


Fonte: Envolverde

E o Código Florestal?

Recebi por email hj as manchetes da Envolverde e essa em especial me chamou a atenção por conter uma entrevista com o mestre em Agroecologia pela UFSC e dirigente do MST, Luis Zarref. Aqui, ele explica a quantas anda o processo em torno do Código.
Beijos

Cintia
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Código Florestal é porta de entrada para ruralistas destruírem mais leis
25/4/2011
por Vinícius Mansur*, do Brasil de Fato
(Especialista analisa momento da luta em torno do Código Florestal, seu valor estratégico para os ruralistas e cobra posição do governo federal.)


 Em junho de 2010, a Comissão Especial sobre Mudanças no Código Florestal aprovou o relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B - SP). Com as eleições batendo à porta, o governo segurou a votação do relatório pelo plenário da Câmara, temendo um desgaste eleitoral – especialmente pelo fator Marina Silva (PV). A então candidata Dilma Rousseff assumiu o compromisso de vetar qualquer mudança que autorizasse novos desmatamentos.

Passada as eleições, a bancada ruralista tensionou a disputa, aprovou um pedido de urgência e tentou, até a última sessão de 2010, colocar o relatório em votação. Apesar de fracassarem, o debate acerca do Código impactou fortemente as articulações para a presidência da Câmara. O atual presidente da casa Marco Maia (PT - RS), ganhou apoio da forte bancada ruralista prometendo a votação até fevereiro. O difícil consenso dentro do governo e sua base, especialmente entre os ministérios de Meio Ambiente e Agricultura, travaram o avanço da pauta e, como alternativa, Maia criou, em março, uma Câmara de Negociação que, até então, pouco caminhou.

No dia 5 de abril, entidades do lobby ruralista, infelizes com a demora nos bastidores, financiaram um evento milionário em Brasília, trazendo milhares de pessoas para defender o relatório de Rebelo. Tentaram demonstrar força ao Palácio do Planalto e dar um verniz popular ao projeto. No dia 7 de abril, outra mobilização, esta em oposição ao projeto, convocada por movimentos do campo e ambientalistas, ocupou a Esplanada. Para avaliar o estágio atual da disputa em torno do Código, o Brasil de Fato entrevistou o mestre em Agroecologia pela UFSC e dirigente do MST, Luis Zarref.

* Brasil de Fato – O que esperar dessa Câmara de Negociação?

Luiz Zarref – A Câmara de Negociação não é regimental, nunca tinha acontecido em nenhuma outra votação da Câmara. Inicialmente tinha uma conjuntura boa, com quatro ruralistas e quatro ambientalistas. Hoje são seis de cada lado e mais dois representantes da liderança do governo e dois da minoria. No início, a Câmara ficou cerca de um mês e meio sem fazer nada. Com a pressão nessas últimas semanas, o governo se movimentou mais e o espaço começou a funcionar. Mas, ainda não se tem claro qual é o papel dessa Câmara. Foram três reuniões e todas só serviram para deliberar sobre o recebimento de notas técnicas. Não se sabe se a Câmara servirá só para listar os pontos divergentes ou se serão feitas emendas ao relatório do Aldo Rebelo.

* O evento milionário organizado pelos ruralistas fez a balançadas negociações pender para o lado deles?

O tiro saiu pela culatra. Eles queriam trazer essa mobilização e garantir a votação, só que não contavam com a morte do[ex-vice-presidente] José Alencar, que atrasou a pauta em uma semana. Também não contavam que o PT ficaria firme. O Paulo Teixeira [líder do PT na Câmara] disse que o PT não fechará acordo enquanto a proposta do governo não chegar. Já o Marco Maia disse que o texto só entra em votação quando a Câmara de Negociação terminar os trabalhos. Entretanto, mesmo que não tenham alcançado o impacto esperado, o peso que eles jogaram nesta mobilização, a maior que eles já fizeram, demonstra o interesse deles nessa pauta.

* O que explica tamanho interesse?

Na nossa leitura, o Código é a porta de entrada para os ruralistas iniciarem a destruição das leis agrárias e ambientais, aquilo que lá em 2009 a Abag [Associação Brasileira do Agronegócio] definiu como prioridade: rever todas as leis do setor para garantir “segurança jurídica”. Na realidade, a segurança jurídica significa limpar toda a sujeira que fizeram até agora, passar uma borracha no desmatamento, no uso irregular de agrotóxicos e de transgênicos, entre outras. Além de permitir o avanço da propriedade privada e do lucro dos ruralistas. O Código Florestal tem um apelo muito grande na sociedade urbana. Se eles o destroem, dão uma sinalização de poder muito grande. As outras pautas, que não estão na sociedade, seriam derrubadas com muito mais facilidade. Quem é que vai defender o Estatuto da Terra, a Política Nacional de Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, a Lei de Águas, ou Código de Águas, sobre recursos hídricos? Está em jogo uma demarcação na guerra de posição muito importante para eles, porque o Código é uma lei que historicamente eles tentam destruir e ainda não conseguiram.

* O Código Florestal lhe parece uma legislação adequada?

Ele já é fruto de uma avaliação de algo que não deu certo, o Código de 1934. Ele surge em 1965 e, apesar de aprovado no primeiro ano da ditadura, foi concebido em um ambiente progressista. Uma sociedade que não discutia meio ambiente sem discutir questão agrária. E ele é discutido em cima de uma disputa mundial entre socialismo e capitalismo. Então, havia uma tendência de se discutir a função social da propriedade. O Código criou a figura da Reserva Legal (RL), que não existia em lugar nenhum do mundo e que recentemente criaram no Paraguai. Com a RL, uma parcela da propriedade privada tem que ser destinada ao interesse público. O primeiro artigo do Código Florestal diz que “as florestas são bem de interesse comum da sociedade brasileira”. Ou seja, estão acima dos interesses privados. Poderíamos ter adotado o ambientalismo conservador, que foi adotado depois da década de 70 pela ditadura, que era o modelo dos EUA, do parque Yellowstone. Ou seja, tirar a área da propriedade privada, isolá-la dos seres humanos e pronto. Porém, nosso Código traz para dentro da propriedade privada uma imposição da sociedade brasileira: uma parcela daquela propriedade deve ser utilizada sustentavelmente. Ele já colocava o conceito sustentável, um discurso bem avançado para época.

* De que maneira as mudanças propostas por Aldo Rebelo prejudicam a agricultura de menor porte e beneficiam o agronegócio?

O agronegócio artificializa o meio ambiente. Ele mexe com a terra toda, usa o pacote da revolução verde, degrada e depois de 10 anos vai embora para outra região. Não é à toa que agora estamos vendo a expansão da fronteira agrícola no Maranhão, Piauí e Tocantins, um pouco da Bahia também. Destruíram as terras do Sul, destruíram as terras na região Centro-Oeste e na fronteira com a Amazônia e agora estão indo para esta outra área que se estima ter 30 a 40 milhões de hectares. O agronegócio tem essa relação ecossistêmica de destruição. A agricultura camponesa não. Se você tira a RL dessas propriedades, diminui-se a Área de Preservação Permanente (APP), se você não trabalha com a recuperação dessas áreas, no médio prazo, esses agricultores terão suas terras inviabilizadas. A RL é interessante naquele microclima, naquele microespaço, porque ela impacta na polinização de várias culturas, impacta sobre predadores naturais, então veremos um aumento dos índices de pragas, ela impacta na adubação da terra, impacta no fornecimento de água, muda o clima daquele espaço, impacta no agricultor que terá que comprar madeira para qualquer coisa que queira fazer.
O relatório do Aldo não aponta para o centro da questão: o problema não é a lei, mas a falta de regulamentação e implementação por parte do Estado brasileiro. Se você for ao campo, verá que os agricultores têm o seu pedaço de floresta. Dali ele tira as plantas medicinais, as ferramentas, os palanques para os galpões, ele gosta de ver aquilo. O que ele não gosta é da polícia ambiental ir fazer repressão. Faltam recursos para o agricultor recuperar as áreas que ele tem de passivo. E mesmo que o projeto do Aldo libere propriedades com menos de quatro módulos fiscais das RLs, as APPs terão que ser recuperadas. De onde que ele vai tirar esse dinheiro? Não tem nada no relatório prevendo isso.

* E o que explica a adesão de entidades da agricultura familiar a este projeto?

A Contag está indo para o discurso imediato, reacionário, que só leva ao fracasso da agricultura familiar, um desserviço histórico. Para a agricultura familiar, a solução é de longo prazo. Porque é quem tem relação com a terra. Para o agronegócio há solução imediata, porque daqui a dez anos, eles fazem um tratoraço e vem limpar as lambanças deles de novo. A agricultura familiar não, mesmo que se mude a lei, as terras vão ficar inviabilizadas. A Contag renegou o debate político com a sua base. Preferiu se submeter a pressão do imediatismo. Há também uma disputa interna na Contag, entre as federações que tem ligação com PT e CUT e federações que tem ligação com o PCdoB e CTB. Então, muito provavelmente houve uma ingerência do PCdoB dentro da Contag para pressioná-los. O pior é que nem emendas ao relatório fizeram, basicamente aderiram, sem enfrentamentos com o agronegócio.

* Reforçaram a polarização benéfica aos ruralistas dos produtores versus ambientalistas?

Isso. Essa posição deles é funcional ao agronegócio. Diferente da década de 80 e 90, nessa primeira década do século XXI há a hegemonia do agronegócio, que conseguiu passar por propaganda que é ele quem produz para o Brasil. E nessa disputa do Código, eles usaram dessa imagem para dizer que quem quer as mudanças são os verdadeiros produtores, quem não quer são os ambientalistas, que ganham muito bem e não tem nada a ver com quem produz no campo. E a mídia comprou muito isso. Porque os movimentos sociais como a Fetraf, o MST, o MPA, a Via Campesina e outros vêm discutindo o tema, mas suas posições não ganham a mesma reverberação. Não aparece que os pequenos agricultores estão de um lado e os grandes de outro, que nós somos produtores e temos uma posição diferente. Somente produtores versus ambientalistas.

* Quais os próximos passos dessa luta?

Intensificar o debate na sociedade e pressionar o governo para tirar uma posição que altere a correlação de forças. O indicativo do presidente da Câmara é que a votação vá para maio, depois de finalizado os trabalhos da Câmara de Negociação. Mas dificilmente haverá votação sem indicação clara do governo.


*De Brasília (DF).
**Publicado originalmente no site do "Brasil de Fato"
Veja a matéria original no site da Envolverde


Uma carta que pode ser a realidade

Carta do Zé agricultor para Luis da cidade
02/08/2010 - 10h08 
Por Luciano Pizzatto*

Luis,

Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava.

Lembra? Se não, sou o Zé com sono… hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?!

Pois é. Tô pensando em mudá ai com você.

Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigo ai na cidade. To vendo todo mundo fala que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sitio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estuda) fica só a meia hora ai da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falo que tenho que faze uma outorga e paga uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falo deve ser verdade.

Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né …) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falo que se o Juca fosse ordenha as 5:30 tinha que recebe mais, e não podia trabalha sábado e domingo (mas as vaca não param de faze leite no fim de semana). Também visito a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei !) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodi (não entendi ?). A comida que nóis fazia junto tinha que faze parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protege ele, não sei se tava junto.

Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né?

Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei ) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco.

Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhoro. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do Rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protege o Rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multo, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato.

O Luis, ai quando vocês sujam o Rio também paga multa né?

Agora a água do poço posso pagá, mas to preocupado com a água do Rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabo …. Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o Rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo ai da tua terra.

Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão.

Cortá árvore então, vige. Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tira, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu ai do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mes, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende.

Tô preocupado Luis, pois no radio deu que a nova Lei vai dá multa de 500,00 a 20.000,00 por hectare  e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por 500,00 e vi que perco o sitio em uma semana. Então é melhor vende, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa ai. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nois.

E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sitio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e ai na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça.

Até Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio.

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(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desiqual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

* Luciano Pizzatto é engenheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.



Vazamento de petróleo

Muito tem sido dito sobre esse triste acidente ecológico no Golfo do México e eu seria apenas mais uma a falar. Então vou postar um texto que recebi no site (ótimo por sinal) Envolverde falando sobre o assunto de maneira bastante reflexiva.
Bjs
Cintia
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Vazamento de petróleo no Golfo do México: Um convite à reflexão
31/05/2010 - 10h05
Por Célio Pezza*


No último dia 20 de Abril, na costa do estado norte americano de Lousiana, a torre de perfuração de petróleo Deepwater Horizon operada pela multinacional britânica British Petroleum (BP), explodiu e pegou fogo.

No incidente morreram 11 funcionários da empresa e 17 estão gravemente feridos. Dois dias depois, a plataforma afundou e se transformou em um dos maiores acidentes ecológicos do planeta. A instalação está quebrada e até hoje já se passou mais de um mês que o poço encontra-se aberto a uma profundidade de 1,5 km, despejando diariamente perto de 5.000 barris ou 800 mil litros de petróleo no mar. Evidente que uma instalação deste porte tem uma série de dispositivos de segurança, mas todos falharam e a desgraça está feita. Apesar de todos os esforços para deter o vazamento, ele continua desafiando toda a tecnologia da indústria petrolífera.

Um dos representantes da BP falou que em tese, é tudo bem simples e bastaria fechar uma válvula de segurança e o vazamento seria detido. O único problema é que esta válvula está a 1,5 km de profundidade e não conseguem fechá-la. O acionamento automático falhou e manualmente é complicado devido à profundidade. Até agora não foi explicado o motivo do acidente, mas o governador do Texas, Mr. Rick Perry, disse que o desastre pode ter sido um “ato de Deus”, e que isto quer dizer que “ninguém sabe o que aconteceu”.

Foto Veja Internacional

A tragédia está tomando uma proporção tão apocalíptica, que até uma estatal petrolífera iraniana já ofereceu ajuda e assistência para deter o vazamento, que irá atingir os Estados Unidos, o maior inimigo da República Islâmica. Vejam a ironia da situação: O Irã, que está sofrendo sanções dos EUA por seu polêmico programa nuclear, oferecendo ajuda para evitar uma desgraça maior ao próprio EUA. Na verdade, eles sabem que este desastre terá consequências mundiais e não está restrito ao Golfo do México ou a costa americana.

Os ambientalistas também estão preocupados com o fato de estarem despejando milhões de litros de solventes no mar, numa tentativa de diluir o petróleo. É uma espécie de sabão que quebra o petróleo em partículas menores e favorece a sua dispersão ou a sua ingestão por bactérias. O problema é que estes diluentes são tóxicos para muitas espécies da vida marinha e podem vir a entrar de uma maneira desastrosa na cadeia alimentar e terminar causando problemas ao próprio homem no futuro.

Foto: Zero Hora

De acordo com todas as notícias, o maior complicador do problema é o fato deste vazamento estar a uma profundidade de 1,5 km, o que dificulta todas as operações normais, até o simples fechamento de uma válvula. Isto nos faz pensar nas dificuldades e principalmente nos perigos de se operar extração de petróleo em poços profundos e nos leva naturalmente à nossa exploração do Pré-sal nas costas brasileiras, onde as jazidas de petróleo estão em profundidades entre 5 a 7 km. Se não estamos conseguindo deter um desastre a 1,5 km de profundidade, podem imaginar algo semelhante acontecer em locais quatro vezes mais profundos?

Espero que todos os responsáveis conheçam a fábula do aprendiz de feiticeiro e que não liberem forças das quais não tenham o domínio completo. Caso contrário, na primeira emergência, vamos pagar muito caro por esta falta de controle da situação.

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*Célio Pezza é escritor, mas tem sua formação em Química e Administração de Empresas. Casado e pai de dois filhos, nasceu em Araraquara, SP, mas em 2007 se mudou para Veranópolis, na serra gaúcha. Em 1999 publicou em São Paulo, pela Editora DPL, seu primeiro livro chamado A Nova Terra, romance que leva o leitor a refletir sobre a vida e rever alguns valores na busca de um mundo melhor.

Em 2000 publicou sua 2º obra intitulada O Conselho dos Doze (Editora DPL), onde aborda os perigos de certas tecnologias sem um devido desenvolvimento de consciência.

Sempre seguindo a mesma linha de levar o leitor a refletir, rever valores e questionar o processo tecnológico desassociado do crescimento moral e ético, publicou em inglês em 2006 nos EUA e Canadá pela Trafford Publishing seu livro The Seven Doors, composto de sete contos sobre temas polêmicos. Este livro foi publicado em português em 2008 pela Editora Age, de Porto Alegre, com o nome As Sete Portas.

Continuando sua trajetória lançou no final de 2008 pela Editora Age o romance Ariane – Uma história de amor e magia, onde mostra toda a força do amor e da amizade, superando até mesmo a distância entre dois mundos distantes.

Seu novo livro, A Palavra Perdida, foi publicado pela Editora do Maneco, de Caxias do Sul, neste final de 2009 e está sendo lançado no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Esta obra está em fase de tradução para o espanhol e será lançado na Espanha e Argentina.

http://cpezza.com/wordpress/
www.cpezza.com
books@cpezza.com


(Envolverde/O autor)

Ilhas ameaçadas

Pedido desesperado de ajuda
Paris, 10/05/2010 -11h05
Por A. D. McKenzie, da IPS

Pressionados pelo aumento do nível do mar, a morte dos arrecifes de coral e a redução das existências de peixes, os pequenos Estados insulares em desenvolvimento voltaram a exigir das nações ricas que façam mais por sua sobrevivência. “Estamos vendo a ameaça do colapso da pesca, do turismo e da perda de biodiversidade”, afirmou Rolph Payet, assessor especial da Presidência de Seichelles. “Algumas pessoas acreditam que é questão de deixar de lado e continuar como sempre” emitindo gases de efeito estufa, mas “a informação mostra que devemos nos preocupar e agir. De fato, deveríamos ter agido ontem”, acrescentou.

O especialista fez estes comentários ao participar da 5ª Conferência Mundial sobre Oceanos, Costas e Ilhas, realizada durante a semana passada em Paris, na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O encontro reuniu 823 delegados de 80 países. Quando foram discutidas vias para preservar a biodiversidade marinha e melhorar a administração dos oceanos, as pequenas ilhas reiteraram seus apelos feitos no ano passado na 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15) para reduzir as emissões de carbono.

As reduções são necessárias para diminuir ou estabilizar as temperaturas e deter a acidificação dos oceanos, que afetam a vida marinha. Estatísticas da organização Greenpeace mostram que os oceanos absorveram cerca de 70% da “sobrecarga de carbono criada pelos seres humanos” até agora, alterando o equilíbrio químico da água marinha e tornando-a menos alcalina. “A situação me dá arrepios, porque não são poucas as pessoas que conhecem as consequências da acidificação dos oceanos. Afetará os filhos de nossos filhos”, disse Payet.

Segundo o especialista, Seichelles, arquipélago com mais de cem ilhas, está sendo afetado pelo aquecimento dos oceanos e o aumento do nível do mar, o que causará o deslocamento de pessoas e outros problemas sociais.

“Precisamos de uma ação de mitigação agressiva”, disse Leon Charles, representante de Granada e chefe-negociador da Aosis. “Precisamos redobrar as campanhas e usar o poder da opinião pública”, acrescentou. Mesmo considerando as atuais promessas de redução das emissões, a ciência “não pode descartar” um aumento de dois metros no nível do mar no próximo século, disse William Hare, do Instituto para Pesquisa do Impacto da Mudança Climática, com sede na cidade alemã de Potsdam.

“As preocupações e perspectivas das ilhas devem ser mais levadas em consideração”, disse à IPS Donna Spencer, porta-voz do Projeto Integrado de Gestão de Bacias Hidrográficas e Áreas Costeiras em Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, financiado pela ONU. “Somos muito vulneráveis à mudança climática, e tudo o que afeta os oceanos nos afeta”, ressaltou.


Outra ameaça é a crescente escassez de água doce. Desde o final do ano passado, vários países caribenhos sofrem severas secas, o que afeta o saneamento, a agricultura e o turismo, disse Spencer. Os estoques de água subterrânea se esgotam, enquanto os aquíferos são invadidos pela água salgada. É por isto que vários especialistas exigiram que o problema da água doce também fosse tratado na reunião de Paris.

A especialista afirmou que aproximadamente um bilhão de pessoas sofre escassez de água potável, e os pequenos Estados insulares passarão a figurar entre os mais afetados. Apesar disso, “as pessoas têm uma assombrosa capacidade de adaptação, e é possível conseguir maravilhas se existe vontade política”, disse, esperançosa, Grobicki.


Fotos:
1- Ilha Vanuatu, estado insular da Melanésia, que ocupa o arquipélago das Novas Hébridas, no território francês Nova Caledônia.

2- Ilha Hamilton, que faz parte da Grande Barreira Coralina na Austrália.
(IPS/Envolverde)