Automóvel elétrico - uma realidade?

Vi essa  matéria no Twitter, via @ecodebate , ontem e achei muito interesante. Será mesmo que nossos automóveis serão substituídos pelos elétricos? Uma dúvida que eu tenho é "será que a conta da light vai aumentar muito por causa disso?" Rsrsrs! Parece engraçado, mas é uma coisa a se pensar, não é verdade?? A não ser que ele seja carregado com energia solar, aí sim seria perfeito e totalmente ecológico.
Mas só o fato do carro ensinar a aproveitar a energia de forma mais eficiente já é muito bom.
Leiam e comentem!

Bjs,
Cíntia
- - - - - - - - - -

Automóvel elétrico quer mudar a sua vida
13 de Abril de 2010.

O veículo se comunicará com o motorista para ajudá-lo a dirigir. Não será mais preciso comprá-lo e ele poderá armazenar e revender energia.

A chegada do carro elétrico obrigará a mudar a forma de dirigir e de circular nas cidades, mas afetará também outros aspectos da vida cotidiana. A princípio, sua autonomia limitada trará inconvenientes, mas ensinará a aproveitar a energia de forma mais eficiente. O automóvel dará todo tipo de informação ao motorista, desde o melhor trajeto até os postos de recarga livres ou a autonomia, e chamará o guincho ou a ambulância de forma automática em caso de acidente.

A gestão inteligente da eletricidade das baterias também trará benefícios econômicos no futuro. E haverá novas alternativas para usar o automóvel sem comprá-lo. O usuário de um carro elétrico deverá fazer mudanças em sua rotina diária. Assim, provavelmente muito antes de 2015, ao levantar pela manhã e ligar o carro, receberá uma mensagem como esta: “As baterias de seu automóvel estão carregadas. Se deseja ligar o ar condicionado, escolha a temperatura”. Enquanto toma um banho, o carro ligará a calefação, usando a eletricidade da casa ou do poste de energia da rua para não gastar bateria ao preparar o interior do veículo. Reportagem de Manuel Gómez Blanco, El País.

Utilizar um carro elétrico terá inconvenientes, ainda que transponíveis. Sua autonomia limitada exigirá dirigir com mais suavidade, aproveitar a inércia e evitar acelerações e freadas bruscas. Será necessário também escolher os trajetos mais curtos e, principalmente, não abusar de acessórios como o ar condicionado: ele pode reduzir em 10% a autonomia em dias quentes. Para se ter uma ideia, dirigir um carro elétrico será a princípio como se hoje saíssemos de casa todos os dias com a luz da reserva acesa, ou com um quarto do tanque. Como as recargas serão muito mais lentas do que nos postos de gasolina atuais, será necessário prevê-las.

A princípio, parece um inconveniente, mas a realidade é que, segundo vários estudos de mobilidade, cerca de 60% dos espanhóis percorrem menos de 36Km por dia, e 80% a 90% dos motoristas das grandes cidades europeias não chegam a percorrer 25 quilômetros por dia. Se as previsões dos frabricantes forem cumpridas e os primeiros carros elétricos à venda oferecerem de 130 a 180 quilômetros de autonomia, poderão suprir essas necessidades com folga, exceto em situações excepcionais.

A comunicação entre o carro elétrico e o motorista também será algo habitual, e acontecerá através do telefone celular ou do navegador. Por exemplo, se a distância prevista para o dia superar a autonomia disponível, bastará programar um destino intermediário no GPS e ele mostrará os postos de recarga livres mais próximos. Assim, ao estacionar, o posto reconhecerá a reserva e só então iniciará a recarga. O valor poderá ser pago de várias formas: cartão de crédito, pela conta de luz ou por telefone, ou com cartões pré-pagos dos fabricantes e outras companhias. E a concorrência permitirá mais descontos, tarifas especiais de acordo com o horário e etc.

Os sistemas eletrônicos dos carros elétricos também se comunicarão entre si (Car to Car) e avisarão sobre qualquer incidente, como acidentes ou engarrafamentos, propondo itinerários alternativos. E também chamarão automaticamente o guincho ou a ambulância se houver um acidente: a chamada será ativada assim que o airbag se abrir. Essas funções já estão disponíveis em alguns modelos e países, mas a tecnologia dos elétricos permitirá incorporá-las antes que os demais carros.

A autonomia limitada dos veículos com baterias ajudará a mudar alguns hábitos na hora de comprar o automóvel ou pagar pelo seu uso. Nos primeiros anos, até 2013 a 2015, os fabricantes oferecerão os carros elétricos principalmente através de aluguel ou leasing, com quotas mensais que incluirão a manutenção e a substituição das baterias. Mas algumas marcas lançarão serviços acessíveis para que o usuário dos elétricos possa dispor de carros mais apropriados para viajar nas férias e fins de semana se precisar. Assim, não será necessário adquirir um carro familiar grande se ele só será usado alguns dias por ano.

Entretanto, a grande mudança chegará por volta de 2020, quando as redes elétricas inteligentes se generalizarem. Então o carro elétrico poderá funcionar também como um armazém de energia: poderá ser carregado nas horas de menor consumo com tarifas mais econômicas (quase sempre à noite) e dar lugar à casa (luz, calefação, eletrodomésticos) na horas de pico, quando não será usado, para reduzir a fatura mensal. Ele poderá até mesmo ser carregado de dia com uma placa solar no teto e revender a energia às companhias elétricas para que cubram seus picos de demanda. Segundo Fernando Soto, chefe de Planejamento de Rede Elétrica: “Se a maioria das recargas forem feitas nas horas menos concorridas, o aumento da demanda do carro elétrico não exigiria ampliar a capacidade de geração instalada na Espanha. Poderíamos até aproveitar melhor a atual e integrar melhor as energias renováveis (solar, eólica…)”.

A capacidade e tecnologia das baterias de ion-lítio abre a possibilidade para inúmeros novos negócios, inclusive no final de seu ciclo de vida. Depois de cinco ou sete anos de uso, elas perderão cerca de 20% de sua capacidade de carga e autonomia, mas servirão para armazenar eletricidade em casa ou formando painéis em centrais elétricas ou parques eólicos, para utilizar sua energia nas horas de mais demanda. A Nissan tem um acordo com a Sumitomo para desenvolver um negócio com baterias usadas no Japão. A implantação do carro elétrico será progressiva e conviverá com os carros atuais por pelo menos 10 ou 15 anos, na melhor das hipóteses.

Segundo as previsões dos fabricantes, eles responderão por 10% do mercado mundial em 2020, cerca de seis milhões por ano. Mas a rapidez do processo dependerá das baterias. Enquanto não superarem os 300 quilômetros de autonomia ou não existam postos para recarregá-las em cinco minutos sem reduzir sua vida útil, os elétricos serão carros para a cidade. As baterias atuais de ion-lítio dificilmente alcançarão esse número de quilômetros sem aumentar o peso do carro e reduzir o conforto, mas já estão sendo pesquisadas reações químicas mais eficientes.

Segundo Jose Manuel Amarilla, do Centro Superior de Pesquisas Científicas (CSIC): “As próximas baterias de lítio-fosfato de ferro, e lítio-manganês reduzirão os custos, mas a grande esperança são as de lítio-ar, que poderiam quadruplicar o rendimento atual, ainda que ainda existam grandes desafios por resolver". Com essas melhorias, os elétricos poderiam chegar a 500 quilômetros de autonomia e aproximar sua capacidade à dos carros atuais nas viagens longas. E o processo de substituição seria acelerado enormemente. Entretanto, as marcas lançarão vários tipos de elétricos, uns para a cidade e outros com baterias que poderão ser trocadas em cinco minutos num posto.

Ainda que agora existam modelos semiartesanais, como o Think (foto), o tiro de largada na Espanha acontecerá no final do ano com a chegada dos Mitsubishi Mi-EV, Peugeot Ion e Citroën C-Zero, um mesmo utilitário de 3,4 metros (chassis, baterias e motores iguais) com a imagem de cada marca. Eles têm quatro lugares, 130 quilômetros de autonomia. Sairão por 20 mil euros, mais o aluguel de suas baterias de tirar e por, que será amortizado pelo baixo consumo com um uso intensivo: a recarga para percorrer 100 quilômetros com um carro elétrico custará entre 1 e 1,50 euro, em comparação a 5 euros dos melhores motores diesel.

Em 2012 será lançado o Nissan Leaf, um compacto tipo Golf, com 150 quilômetros de autonomia e preços entre 15 mil e 20 mil euros, mais o valor das baterias. Ao mesmo tempo chegarão novos híbridos – com motor térmico e um ou vários elétricos – com tecnologias muito variadas para ampliar a autonomia no modo elétrico. Em alguns casos o motor de combustão só funcionará como gerador para carregar as baterias em marcha quando elas se esgotarem: Chevrolet Volt e Opel Ampera (2011). Em outros ele será ligado a certa velocidade ou ao esgotar a bateria (Toyota Prius Plug-in). Mas todos gastarão menos de três litros, como os híbridos diesel que a Peugeot e a WV estão construindo.

Entretanto, pelo menos até 2012, a oferta de carros elétricos será absorvida quase totalmente por instituições e empresas, sobretudo de frotas de entregas: o uso intensivo permitirá amortizá-los melhor e fará que seja rentável para os fabricantes montarem postos de recarga em suas bases e sedes.


Tradução: Eloise De Vylder
Reportagem [Este coche quiere cambiar su vida] de El País, no UOL Notícias.
EcoDebate, 13/04/2010

0 Deixe aqui sua opinião!: