Fundo do Mar em perigo...

Oi gente! 
Em minhas andanças pela internet, ontem encontrei um blog muito interessante (já linkei na minha lista de blogs responsáveis) o Global Garbage onde eles falam sobre preservação ambiental e principalmente sobre lixo marinho. O objetivo deles não é falar somente das ações, iniciativas, atividades e projetos da Global Garbage, e sim, do panorama global do lixo marinho. No site eles reúnem toda informação relevante sobre lixo marinho disponível na Internet. 
Então eu me deparei com uma postagem pra lá de interessante que foi o resultado da "maior festa do planeta", isso mesmo gente, estou falando do nosso carnaval - especialmente de Salvador.
A gente não tem noção, mas a natureza sofre com nossas ações mais do que imaginamos! Então, entrei em contato com eles e pedi autorização para publicar aqui o que eles viram (ao vivo!!) no fundo do mar baiano.
Gente, que loucura isso!
Se lá em Salvador estava assim, imagine nas demais praias brasileiras que recebem milhares de turistas nessa época do ano? E nem sempre existem pessoas preocupadas como eles, que se engajam e enfretam o problema como deve ser: encarando e agindo!
Espero que gostem.
Comentem aí! E visitem o Global Garbage, vale a pena!
bjs,
Cintia
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O Fundo da Folia
Em 5/03/2010, publicado por Fabiano Barretto.


 Só que ao invés de estarem pulando, dançando e se beijando ao som frenético e ensurdecedor dos trios elétricos, os foliões do fundo do mar estavam rolando de um lado para o outro numa mórbida coreografia, empurrados silenciosamente pelo balanço do mar, sem dança, sem alegria, sem vida e sem poesia.
Bernardo Mussi

Dez dias após o carnaval, resolvi mergulhar com dois amigos na área do Farol da Barra para confirmar a notícia de que havia uma quantidade absurda de lixo espalhada pelo fundo do mar naquela área.
Mesmo com a água um pouco suja por causa das chuvas do dia anterior, logo identificamos o local. Na verdade o lixo não estava espalhado, mas concentrado em um canal provavelmente em razão do movimento das marés. Uma cena lamentável! Eram pelo menos mil e quinhentas latinhas metálicas e garrafas plásticas.


Da superfície o visual parecia com as imagens áreas que vemos dos blocos de carnaval durante a festa momesca. Só que ao invés de estarem pulando, dançando e se beijando ao som frenético e ensurdecedor dos trios elétricos, os foliões do fundo do mar estavam rolando de um lado para o outro numa mórbida coreografia, empurrados silenciosamente pelo balanço do mar, sem dança, sem alegria, sem vida e sem poesia.


Assustados, decidimos não retirar o material naquele dia na esperança de tentar sensibilizar algum veículo de comunicação para fazer uma matéria com imagens subaquáticas. A intenção era compartilhar aquela agressão carnavalesca com nossa população e os donos da folia.
Fizemos contato com pelo menos três emissoras e todas pediram que enviássemos e-mails com fotos, o que fizemos imediatamente. Aguardamos respostas por dois dias e como não tivemos qualquer retorno, optamos por retirar o lixão de lá para evitar maiores danos.


A bem da verdade estávamos super desconfortáveis com nossas consciências por termos testemunhado aquela cena e deixado para resolver o problema dias após. Mas tínhamos que tentar a matéria para que a ação não se resumisse somente à coleta do material.

Tínhamos em mente que a repercussão sensibilizaria os empresários e artistas do carnaval, os órgão públicos, a imprensa, as empresas financiadoras e nossa gente. A tentativa foi boa, mas não rolou…
Fomos então, no terceiro dia após o primeiro mergulho, retirar o material. Antes, porém, fiz questão de chamar um amigo que tem uma caixa estanque para filmarmos a ação e guardarmos o documentário visando trabalhos futuros e até mesmo a matéria que queríamos na TV.
Sem cilindro de ar e contando apenas com duas pranchas de SUP (Stand Up Paddle) e alguns sacos grandes, éramos quatro mergulhadores ousados retirando do fundo do mar tudo o que podíamos naquela tarde.
Pouco antes de o sol se pôr conseguimos finalmente colocar todo o lixo na calçada.
Muitos curiosos, inclusive turistas, olhavam intrigados a nossa atitude e a todo o instante nos questionavam sobre a origem daquele resíduo. A resposta estava na ponta da língua: Carnaval!

 Vou logo informando aos amigos leitores que não sou contra o carnaval, muito pelo contrário, sou fã por diversos motivos, mas acho que a realidade da festa não guarda a menor relação com as belíssimas cenas, as informações rasgadas de elogios e a excessiva euforia amplamente divulgada pela mídia.
Sei que o comprometimento com os patrocinadores e aquela velha guerrinha de vaidades contra os carnavais de outros estados como Pernambuco e Rio de Janeiro, acabam conspirando para isso. Mas vejo aí um modelo cansado, super dimensionado, sem inovações socialmente positivas e remando na direção oposta ao desenvolvimento sustentável da nossa cidade.
Aquele lixo submarino é um pequeno sinal deste retrocesso. Pior, patrocinado solidariamente pelos grandes empresários, artistas e principalmente pelo poder público que tem o dever de melhorar nossa segurança, nossa saúde e educação.


 

Aproveito o embalo para incluir indignação semelhante sobre os eventos realizados na praia do Porto da Barra durante o verão.
O “Música no Porto” e o “Espicha Verão” não tem trazido nada de bom para nossa cidade, além da oportunidade de vermos ótimos artistas de perto e de graça. De resto, o lixo, o mau cheiro, a degradação ambiental, o xixi pelas ruas, a impressionante quantidade de ambulantes amontoados por todos os espaços públicos e a agressão aos patrimônios históricos, são um grande “pé na bunda” do turista de qualidade.
É o mesmo que olhar para uma bela maçã com a casca brilhante e aspecto suculento, porém, apodrecida por dentro…


Naquele final de tarde acabamos contemplando um por do sol diferente. O monte de lixo empilhado na calçada do Farol da Barra virou atração. E como Deus é grande, fomos brindados com a presença de valorosos catadores de rua para finalizar a limpeza.



Desta ação, além das ótimas imagens documentadas em vídeo, resta rezar para que os donos do carnaval, dos eventos no Porto da Barra e nossos queridos foliões se toquem que algo tem que mudar.

O fundo do mar não merece aquele bloco reluzente e, ao contrário do asfalto, o oceano costuma revidar violentamente as agressões sofridas.
Não tem alegria alguma no fundo da folia!



Links:

Galeria de fotos
Slideshow
Fotos: Francisco Pedro / Projeto Lixo Marinho - Global Garbage Brasil
francisco.pedro@globalgarbage.org

Link: http://www.globalgarbage.org/blog/index.php/2010/03/05/o-fundo-da-folia/
Link para Twitter: http://bit.ly/c0OvJq


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Giovana disse...

Maravilhosa postagem, sensacional, vou Rt vc.

Mimirabolante disse...

Recebi o email e tbm fiz uma postagem para dar uma força....Vi a sua postagem tbm ......temos que falar sempre....conscientizar mesmo.....

chica disse...

É impressionante como maltratam nosso ambiente!beijos,chica

CS Empreendimentos Digitais disse...

Pois é, gente!
Mas com a nossa força podemos mudar isso, mesmo que demore!!!

bjs
cintia

Yuri Sibucks disse...

é uma vergonha isso, o povo é mto sem noção..
sabia que 90% do Oxigênio do planeta é porduzido pelas algas unicelulares dos mares ...(aula do cursinho ontem haha) .. é mta coisa.. nosso oxigenio vem qse todo da agua.. e o povo faz isso com ela.. coitadas das algas!! sem elas ja era nosso oxigenio!!

CS Empreendimentos Digitais disse...

É verdade Yuri!
Como as pessoas estão agindo sem pensar, né??

bjssss